Prestes a completar 30 anos guiada pelas mãos de apenas três prefeitos, Juiz de Fora viveu nessas últimas eleições uma paixão arrebatadora pelo PT. Mas sabemos que as paixões são efêmeras... A exemplo do homem casado que experimenta novas emoções, o eleitor juizforano encontrou um jeito de explicar para "a outra" que prefere mesmo a matriz à filial.
Covardia? Insegurança? Hipocrisia? Manipulação? O tempo talvez possa dizer. Alguns fanáticos seguidores do lulismo culpam a avacalhação de campanha, as insinuações maldosas sobre a nada-disfarçada-e-em-nada-errada opção sexual da nossa querida Margarida, as acusações infundadas contra sua gestão na Reitoria da UFJF, sua postura frente aos evangélicos... Por outro lado, enxergam a postura rígida, a ríspida agilidade oratória e o dar-de-ombros às relações com esferas de governo de diferentes ideologias como força de caráter.
As insinuações da candidata petista Marta (Suplicy, como a Lucinha é Lins) sobre a sempre-disfarçada-e-em-nada-errada sexualidade do prefeito Gilberto Kassab, em São Paulo, não o impediram de realizar uma extraordinária virada na disputa pelo Executivo. "Ah, foi o apoio do Serra!" Mas eles tinham o Lula!! "Ah, foi o dinheiro!" E vai dizer que o PT não investiu, não?!
Acusações de improbidade administrativa, estranho seria se não estivessem presentes. Qualquer candidato, mesmo que só tenha experiência prévia como síndico, terá sua vida como gestor cuidadosamente dissecada, e tudo que puder será utilizado por alguém para seu prejuízo. Como Juiz de Fora teve pessoas não identificadas mostrando, a favor do Custódio, faturas de serviços de transporte sem licitação contratados pela UFJF nos tempos de Margarida, e o Omar Peres, falando contra o Custódio tudo o que o PT queria mas não podia, gerando até mesmo um pedido público de desculpas pelo presidente de seu partido, o PV, ao PSDB.
Mudando um pouco de ares, na cidade do Rio de Janeiro, em 2006, o Eduardo Paes era do PSDB e recebeu uma quantidade irrisória dos votos para Governador do estado. Já em 2008, abençoado seja o PMDB, ganhou as eleições para prefeito da cidade que dois anos atrás o repudiava. Porque o outro chamou a Lucinha (não a Lins) de suburbana, ou porque ele ganhou sunga do CQC, ou porque em política existem fenômenos inexplicáveis... Tanto faz.
O fato é que, em política, não dá pra confiar nem nos eleitores, nem nos candidatos. Se no futuro a Margarida resolver trocar de partido de novo, poderemos vê-la de sorrisos e apertos de mão com seus hoje arquiinimigos. O mesmo vale pros adversários. Infelizes aqueles que trocam a confiança e o carinho dos amigos por posições políticas, sempre se decepcionarão. Infelizmente, política é isso: a arte de esfriar a batata-quente. Quem discursa com maçarico na mão, como fazia o Lula dos tempos de derrotas, dança. Fica a sugestão de que, pra demonstrar competência, uma mulher não tem que ser durona. Na política, quem está na tela da urna eletrônica tem que agir com política; e quem está no botão, com inteligência e respeito. Sem lei de Gerson, sem fazer o que eu digo e não fazer o que eu faço, sem hipocrisia.
Isso, sim, é a "festa da Democracia".