segunda-feira, julho 23

A minha, a sua, a nossa crise

Crise aérea virou chavão. Mais apropriado chamar só de crise.

Naquela fração de segundo em que dois corpos - um Boeing da Gol e um Legacy particular - tentaram ocupar o mesmo lugar no espaço, instalou-se uma anarquia de padrão internacional. A era PT - e eu me culpo diariamente por ter ajudado a instalá-la em 2001 - comprova, dia após dia, que oposição existe para se opôr, e governar é coisa para os adultos.

Declaração injusta até mesmo com o conceito de anarquia, em que os setores não trabalham em equipe, mas operam com independência associada a neurônios. Aqui na terra brasilis o repertório de ignorância das lideranças é infinito. O presidente Lula se cercou de bases líquido-pastosas, munidas de um palavrório sempre provocativo e nunca efetivo, eficaz ou eficiente. A crise é de competência.

A ministróloga do Turismo sexual, do alto de um salto Prada, confundiu cargo com formação profissional e convocou-nos, cidadãos, à pornografia aeroportuária, relembrando seus tempos de TV mulher, quando lidava com problemas de bem menor abrangência. A crise é de relevância.

Ministro da Defesa, comandante da Aeronáutica, presidente da Infraero, ex e atual Superintendentes da ANAC (e, diga-se de passagem, de todas a agências governamentais controladoras dos serviços de interesse público) não mostraram, em momento algum, disposição para o trabalho consistente, ou para o trabalho, ou para simples controle de danos. A crise é de inteligência.

O ministro da Fazenda acredita na versão do alto poder aquisitivo do brasileiro. A crise é psiquiátrica.

O presidente "consternado" não sabia de nada, continua sem saber e, por isso, se esconde. A crise é de culhões.

Morreram 400 pessoas em trânsito aéreo, em 10 meses. Não sei dizer quantas vítimas fatais foram enterradas pela violência, no mesmo período. A crise é emergencial.

Começo a defender a máxima "rouba mas faz". A crise é moral, e eu estou em crise.

N.A.: A rampa da garagem do meu prédio tem grooving, por que a pista principal de Congonhas não tem?

terça-feira, julho 17

Nova modalidade no Pan

O Brasil acaba de inaugurar uma nova modalidade nos Jogos Pan-Americanos. E começou batendo recorde nacional, perdendo apenas - a vida imita o esporte - para os EUA. É o decathlon de falhas grosseiras na aviação civil.

Quem anunciava o apagão aéreo deve estar desapontado: não faltou luz em São Paulo e no Rio de Janeiro! Um show de fogos de artifício iluminou os céus brasileiros, clareando a putaria na nossa aviação comercial e, com um pouco de sorte, as idéias dos governantes.

Esses, então, vão passar a noite em claro. Uns, por medo do escuro. Outros, fosforilando explicações à imprensa internacional. Em tempos de Pan, não podia haver nada melhor do que um "pequeno" acidente em Congonhas e um "incendiozinho" em Santos Dumont pra divulgar o espírito fraterno do nosso povo e o jeitinho bem brasileiro de fazer tanto Política quanto segurança aérea no País.

Até o momento, sabe-se, de fonte segura, que o Presidente Lula "estaria consternado" (caso não estivesse arrasado pelas vaias do dia 13). O físico e governador José Serra afirma que a temperatura no interior da cabine do Air Bus da Tam chegou a 1000ºC, eliminando a possibilidade de sobreviventes. O Papa só vai se manifestar amanhã. Bem cedinho, já que em Roma o dia seguinte começa primeiro...

N.A.: Meus sinceros sentimentos às famílias dos 176 Joões-Hélios da aviação.
N.A. 2: Em 24/07, confirmados 200 mortos ou mais no desastre.

segunda-feira, julho 16

As sete "maravilhas" do mundo "moderno"

Quando eu disse, em casa, que achava um absurdo o Cristo Redentor ser escolhido uma das sete maravilhas do mundo, quase fui apedrejado. Cristãos que não aprenderam com a história da Madalena...

Arrependido, como a parceira de Jesus, de abrir a boca, nem argumentei. Às vezes - só às vezes - eu consigo ficar quieto pra não aborrecer ninguém. Mas o Roberto Pompeu de Toledo publicou, na Veja, tudo o que eu penso sobre o fato.

Mais uma vez, não vou falar com as minhas palavras, podia parecer plágio. Mas as dele são imperdíveis.

N.A.: Leia também sobre o Chichén Itzá de clipes com escada rolante do Daniell Rezende, no Vida mais ou menos.

Palmas para o Procon

A Livraria Virtual não era, enfim, tão virtual... Depois de ir ao Procon, levou exatos sete dias para que eles entrassem em contato, desculpando-se por não terem conseguido o livro (?!) e, assim, dispondo-se a devolver o dinheiro - que foi depositado no mesmo dia.

Agora, se alguém tiver um problema parecido, pode pedir ajuda. Pra levar os dados que o Procon exige pra assumir o caso, pode ser necessária consultoria especializada de alguém que já passou pelo problema.

domingo, julho 15

Curtinhas sobre o Pan

1 - A medalha modernosíssima, certamente inspirada no estojo de segurança do setor de CDs das Lojas (Pan-) Americanas.

2 - Na Maratona aquática, categoria feminina, a revisão de um velho provérbio: "Brasileiro, quando não caga na entrada, caga na saída". (Se não sabe do que eu tô falando, vá se informar)

3 - Minha mãe, ao assistir às provas do Tae-kwon-do feminino, perguntando se era aquilo a tal "dança do siri". (Muito boa!)

4 - Gustavo Borges e sua "estréia pela primeira vez" carregando a tocha. (Mas o cara é gente-boa)

5 - Galvão Bueno perguntando a um colega repórter qual o seu currículo de Jogos Pan-Americanos, não esquecendo de incluir a edição na França. (Vai pro Veja essa...)

6 - Mais uma vez, o Galvão Bueno, comentando a entrada da delegação argentina na festa de abertura: "Eu esperava mais vaias". (Ele é uma ostra, cheio de pérolas)

7 - O Presidente, na festa de abertura: "Eu esperava menos vaias". (Não falou, mas que pensou, pensou!)

É só no Brasil?

É bom perguntar antes, pra não ser injusto...

Jogos Pan-americanos no Rio. Prova de Triathlon feminino. Umas 50 mulheres de maiô, números sensualmente tatuados nos braços e nas coxas, e touca de natação - essas sem os números.

Dada a largada, elas se jogaram ao mar, para 750m de braçadas, e os comentaristas não sabiam dizer quem estava na frente! Tem base? Precisaram esperar que elas contornassem a "bóia seca", na areia, pra concluir que já nem sabiam mais onde estava Mariana Ohata, nossa favorita na prova. E de volta pra água, porque o circuito só compreendia metade do percurso, mais 750m às cegas. Foi pra dar emoção?

Eta povinho passional, o tal brasileiro...

N.A.: Aproveito pra parabenizar a mula que fez a grade de programação da SporTV, na SKY. Nada coincide. Nada mesmo.

No regrets

É sem nenhum pesar que eu declaro que não tenho mais leitores na Europa. Bem vindo de volta, Lucas. Continuo acreditando no "Bermuda Justa", apesar das cinco luso-medalhas do Pan...

segunda-feira, julho 2

Quem vai comprar nosso barulho?

Há tanta porcaria tocando nas rádios, tanta notícia ruim na imprensa, que a gente tem obrigação de ajudar a divulgar as boas coisas do Brasil. Então, dica pra quem gosta de MPB: não deixe de conhecer as Chicas - uma releitura autêntica e contemporânea do que o Quarteto em Cy foi um dia. Tão boa quanto o CD foi a participação delas no Som Brasil Caetano - fique de olho também no lançamento dos DVDs.

Aliás, excelente iniciativa da Globo, relançar o Som Brasil. Até agora, muito bom. Pena que (1) é só uma vez por mês, (2) passa tão tarde, depois de uma longa lista de porcarias e (3) como tudo que é bom, deve durar pouco...

N.A.: A explicação vai ser audiência baixa. Aí eu pergunto: algum programa dá IBOPE à 1h00 da madruga?

Cuidado com o estelionato virtual

Pra quem, como eu, tem o hábito de fazer compras pela internet, cuidado com a "e-loja" livrariavirtual.net. Pilantragem desde o momento do pagamento do boleto. Não entregam, não explicam, não respondem aos e-mails, e o telefone está (quase) sempre ocupado - mas quando chama, ninguém atende.

Não estão me deixando reclamar!! Eu agüento qualquer coisa, mas isso não!!

N.A.: Primeira vez que me sinto lesado. Mas existem lojas sérias, e comprar pela internet continua sendo muito bom...