sábado, fevereiro 24

Maxeeeente

Por falar em Carnaval, foi excelente. Digo, exceto a perda de uma pessoa muito querida, na sexta-feira, que adiou a praia para o domingo, o resto foi só alegria.

Verdade seja dita, metade das gargalhadas foram crédito do noivo da minha prima, gente fina demais. Das outras vezes que ele saiu lá do Goiás pra "familhar", estava mais na dele, mas dessa vez... "Toque, toque, din-djei"!

Fora o barraco de um outro casal, com cenas tipo 'vou-embora-e-você-vai-ficar-aí?', malinha arrastada na areia, choro, gritos, quase-tapas e pedidos de desculpa e filtro solar pro amorzinho não arder...

Em briga de marido e mulher, ninguém mete (a colher! Maxeeente!).

terça-feira, fevereiro 20

Retoque no tom agressivo

Não me levem muito a sério. Passados alguns dias de praia, sol e cerveja, e como tudo no Brasil passa, mesmo, a minha ira está amenizada, eu não quero matar ninguém no sentido literal.

Só acho que não dá pra salpicar abacate em pó, nos problemas, como tem sido feito.

Droga, o carnaval acabou...

terça-feira, fevereiro 13

Pra refletir

"Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim, e não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.

Até que, um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada."

Maiakowsky

domingo, fevereiro 11

Justiça seja feita

Hoje minha mãe me deu um presente de Natal atrasado a valer. Um livro novo de Clínica.

Estuda, desgraçado.

Versão sem cortes

TORTURA AOS FILHOS-DA-PUTA!

Já que a sociedade não linchou esses vermes, um a um, à medida que foram encontrados, vamos amarrá-los, um a um, ao mesmo carro, e percorrer os mesmos 7km. Lentamente, só pra machucar, sem matar. Semanalmente, pra dor não cessar. Por todo o sempre, amém.

Educação, o cacete. Ressocialização de menores infratores, o cacete. Gente, não estamos procurando soluções para problemas de 2017, a hora é agora. Não dá pra ficar sustentando esses desgraçados na cadeia, eles têm que trabalhar pesado pela sociedade até morrerem - e que não demore. Sem Natal, sem Páscoa, sem dia de São Longuinho. De discurso intelectual, o IML está cheio.

Ninguém hesita em sacrificar um cão que mate uma criança a mordidas, e estejam certos de que eles são gente de muito melhor qualidade que os bandidos. Ninguém hesita a fazer quimioterapia quando tem um câncer, e são apenas células diferentes, que não escolheram sua sina. Os criminosos ESCOLHEM, dizer que não é uma afronta aos pobres honestos e trabalhadores. Por isso, devem ser exterminados, como fazemos com células malignas. Então, não venham defender direitos humanos, esses sujeitos não pertencem à nossa espécie, não podem receber tratamento igual.

Eu sou ateu. Não tenho a pretensão de convencer ninguém a desacreditar comigo. Mas pensem, por 1 segundo, em algo que é fato: É POSSÍVEL QUE DEUS NÃO EXISTA. Então não dá pra deixar a solução para o dia do juízo final. A hora é agora. Chega de perdão, vamos sanear o planeta. Se a lei nos obriga a aceitar de volta, em três anos, os dejetos de um "menor" de 17 anos capaz de tamanha barbárie, vamos excluí-lo com as prórias mãos.

Eu tenho insônia. Não consigo dormir, pensando na sociedade brasileira. Na classe média alienada, que se obriga a gostar de Big Brother e se vicia em jogar Second Life pra fugir de uma realidade onde se encontra em cárcere privado. Nos colegas que trabalham em hospitais de "áreas de risco social" e são obrigados a salvar, de manhã cedo, os marginais que assaltam, seqüestram, estupram ou matam seus vizinhos e sua família ao entardecer. Nas mães que correm atrás de carros-com-filhos-pendurados, sentindo no osso a dor da impotência quando chega a esquina da despedida final.

CHEGA DE MORRER A VAREJO, VAMOS MATAR POR ATACADO.
Ou não, "brasileiros frouxos de merda"! (R. Smith, Brasil Sempre)

Compromisso inadiável

Atenção, na próxima terça-feira, 13/02, temos todos um compromisso que pode mudar o rumo da sociedade brasileira. Vamos nos encontrar na passeatazinha, no Rio de Janeiro, para um protestozinho contra a violência. Todos de camisetinha branca, com a pombinha da paz estampadinha, pedindo migalhinhas de atençãozinha das autoridadezinhas.

À noite, nosso movimentozinho vai passar no Jornal Nacional, todo o povo brasileiro vai assistir, se comover, as autoridades vão prometer providenciazinhas e, na quarta-feira, 14/02, tudo vai estar diferente. Vamos acordar com a consciência tranqüila, por ter feito a nossa parte, e esperar o próximo garoto de 6 anos ser arrastado por 7 (ou talvez mais) quilômetros. Ou, quem sabe, esses filhos-da-puta consigam inventar um crime mais hediondo, que faça vomitar de nojo do Brasil por mais dias.

Combinado?

segunda-feira, fevereiro 5

Quantos Marcelos pra bancar um deputado?

Já que eu comecei a reclamar, vou mostrar meu balanço financeiro de janeiro...

- Pelo direito de ser médico no RJ (CRM-RJ): R$355,00.
- Pelo direito de ser médico em MG (CRM-MG): R$360,00.
- Pelo direito de ser médico em meu município (ISS): R$690,00.
- Pelo direito de dirigir meu carro por estradas fodidas pelo governo (IPVA + DPVAT + licenciamento): R$1.200,00.
- Pelo direito de dirigir meu carro entre Minas e Rio, numa estrada boa privatizada (Cartão CONCER, BR040, suficiente para 4 meses): R$384,00.
- Pelo direito de ser jovem "inconseqüente", solteiro, freqüentar o Rio de Janeiro - onde a segurança pública é (mais) fodida pelos governos - e ter meu carro reposto em caso de roubo ou assalto (seguro): R$2.200,00.

Total acumulado no 2º mês de 2007: R$5.189,00.

É o preço que eu pago no início do ano para existir como médico, poder trabalhar e me locomover entre as diferentes cidades onde eu consegui trabalho - emprego, eu não tive até hoje. Pra neguinho dizer que eu sou ganancioso?! Lá não pode, mas aqui, puta que pariu.

E vem aí o IRPF 2007...

Post (grande) lá, post (maior ainda) aqui

Curiosamente, eu estava procurando ofertas de emprego com salários decentes para médicos, e por uma infeliz associação de termos no Google, fui parar no Blog do Estadão onde li comentários verdadeiramente revoltantes, sem falar do post original. O que eu escrevi lá, com pequenas alterações contextuais, republico aqui.

Não há chances, pelo que vejo, de os médicos serem satisfatoriamente remunerados e receberem reconhecimento. Porque aqueles que generalizam, nivelam por baixo: para uns, QUALQUER médico brasileiro seria capaz de "amputar a perna errada" e, por isso, deve ganhar mal; por outro lado, para outros, que enxergam a possibilidade de a qualidade ser diferente, os bons médicos cobram preços abusivos por seu trabalho. Então, generalizando ou particularizando, a classe é um câncer na sociedade?!

Pois saibam que abusivo é o custo de uma formação médica de qualidade. Que não é mais que justo esperar o retorno desse investimento nos primeiros anos de carreira, pois é inadmissível que o médico seja obrigado a trabalhar por toda a vida com o peso de uma dívida dessas proporções. Que alguns, como eu, que nos formamos em Universidades públicas, não fomos beneficiados pelo Sistema, mas conquistamos o direito de estudar "gratuitamente", embora, como todos vocês, os impostos dos meus pais, e agora os meus, tenham sido pagos sempre em dia.

Almejar um salário acima de R$10.000,00, para garantir que não seja necessário utilizar o Sistema Único de Saúde em caso de doença, porque só nós sabemos o quanto ele está sucateado - e não é apenas pelos médicos que trabalham nele... Para garantir que seja possível pagar boas escolas particulares para a formação de nossos filhos, já que a rede pública de Ensino é tão precária como a da Saúde... Para que seja possível comprar livros, assinar periódicos, quitar anuidades de entidades de classe como CRM, Sociedades de especialidades - coisa com que chego a gastar US$5.000,00 ao ano, e nem sou dos que mais investem... Para que sobre dinheiro para curtirmos, a sós ou com nossas famílias, o (pouco) tempo livre que temos... Enquanto nossos queridos políticos ganham por mês o que eu quase não ganho por ano, e o governo sustenta as classes menos favorecidas com esmolas paliativas, tudo pago pelos impostos abusivos com os quais todos nós somos obrigados a arcar... Sim, meus caros, eu acho muito justo. São essas pessoas sem "ganância" que permitem que a classe média da qual fazemos parte esteja achatada - de um lado pelos VIPs, do outro pelos "bolsistas" do governo.


Desculpem-me, meus muitos leitores, por trazer esse desabafo tão pessoal à tona.